Filme do Dia: Mogli, O Menino Lobo (1967), Wolfgang Reitherman

Mogli, O Menino Lobo (The Jungle Book, EUA, 1967). Direção: Wolfgang Reitherman. Rot. Adaptado: Larry Clemmons, Ralph Wright, Ken Anderson & Vance Gerry, inspirado nas histórias de Mowgli escritas por Rudyard Kipling. Música: George Bruns. Montagem: Tom Acosta & Norman Carlisle.
Mogli é um garoto criado na selva por lobos após ter sido recolhido pela pantera Baguera. Uma reunião dos lobos fica decidido que ele não mais poderá pertencer ao círculo e Balu, um urso destrambelhado, passa a ser o seu “tutor”. Mogli deve ter cuidado com animais perigosos como a serpente hipnotizadora Kaa e o malicioso tigre Shere Kan. Sequestrado por um grupo de macacos, com muito esforço é salvo por Baguera e Balu. Quando Balu finalmente é convencido por Baguera de que Mogli deve voltar ao convívio dos humanos, Mogli se rebela e foge. Ele acaba caindo sob a influência de Kaa, até conseguir se livrar dela e, sozinho e tristonho, ser reanimado por um grupo de 4 divertidos abutres. Balu avisa a patrulha de elefantes sobre o desaparecimento do garoto.  Quando Mogli finalmente entra no ritmo dos abutres, Shere Kan acaba a festa. Ele pula sobre o garoto e acaba sendo detido por Balu. Um combate é travado entre eles, com a participação de Mogli e dos abutres, mas mesmo tendo conseguido espantar Shere Kan, Mogli percebe um Balu desacordado e provavelmente morto, chorando pela perda do amigo. Baguera chega no momento e, como os abutres, observa a triste cena, prestando uma última homenagem a Balu que, volta a consciência. Eles se encontram próximos da aldeia humana e Mogli imediatamente se sente atraído por uma garota que vai buscar água no rio. Só resta a Baguera e, principalmente, Balu, conformarem-se e voltarem para a floresta sem o amigo humano.
Décimo-nono e último longa-metragem de animação supervisionado pelo próprio Disney (que morreria durante sua produção) e como outros longas assinados por Reitherman antes e depois, sem a mesma qualidade da animação efetivada nos anos 40 e 50 pelo estúdio. Inspirado na clássica obra de Kipling, que já havia rendido um filme de ação ao vivo nos idos dos anos 1940 e voltaria a ser abordada pelo estúdio, numa decisão incomum, numa constrangedora seqüência produzida em 2003, além de ter rendido um longa animado soviético em 1973, o filme evidencia o habitual maniqueísmo associado as produções do estúdio, assim como uma divisão nos “personagens do bem”, entre o apolíneo Baguera, voz da sensatez e o dionisíaco Balu, muitas vezes cego pelas emoções. De forma menos explícita, é impossível não perceber no ritmado e animado grupo de macacos uma  caricatura da cultura negra norte-americana, portanto a salvação de Mogli aqui passa menos por seu risco de vida que de “contaminação cultural” inapropriada. Outra referência perceptível que transcende o universo ficcional é o do grupo de abutres, uma menção a contracultura jovem contemporânea (foram criados originalmente para serem encarnados pelos Beatles, daí serem em número de quatro). Um destaque a parte deve ser dado a personagem do tigre Shere Kan, que parece não apenas incorporar a voz mas os próprios trejeitos fisionômicos de seu dublador original, o ator George Sanders, sendo o personagem mais interessante do filme, infelizmente com participação relativamente pequena no conjunto da ação. A canção-destaque é a nada excepcional Bare Necessities, com participação vocal do filho do diretor, Bruce, que também dublou o personagem de Mogli no restante do filme. Walt Disney Prod. para Buena Vista Dist. Co. 78 minutos.

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