Filme do Dia: O Machão (1969), Rainer Werner Fassbinder



O Machão (Katzelmacher, Alemanha Ocidental, 1969). Direção e Rot. Original: Rainer Werner Fassbinder. Fotografia: Dietrich Lohmann. Música: Peer Raben. Montagem: Rainer Werner Fassbinder. Com: Hanna Schygulla, Lilith Ungerer, Rudolf Waldemar Bren, Elga Sorbas, Doris Mattes, Irm Hermann, Peter Molland, Hans Hirschmüller, Harry Baer, Hannes Gromball, Rainer Werner Fassbinder.
      Um grupo de amigos de uma pequena cidade alemã, decide centrar toda o seu mal-estar contra suas próprias vidas medíocres contra um imigrante grego recém-chegado, Jorgos (Fassbinder), que passa a ser acusado das coisas mais diversas desde molestar sexualmente Gunda (Mattes) até ser comunista. Marie (Schygulla), no entanto, abandona o  grosseiro namorado para namorar Jorgos, o que aumenta mais ainda a ira dos homens do grupo, que se reúnem e dão uma surra no grego.
   Essa pequena obra-prima filmada em apenas nove dias é o segundo longa-metragem de Fassbinder e já apresenta todas as características da estética que marcará seus primeiros filmes. Afastando-se do realismo convencional através da utilização de planos sempre fixos, recusa de trilha sonora e atuações marcadamente contidas e diálogos igualmente reduzidos, Fassbinder constrói seu comentário sobre o fascismo presente nas relações cotidianas. Seus atores não mais que balbuciam seus diálogos em um tom quase sempre monocórdio. Intercala dentro dessa estética da contenção,  breves momentos em que, rompendo com o restante da estrutura do filme, dispõe de alguns dos travellings mais belos da história do cinema, com acompanhamento musical – compondo cenas em que duplas desfilam fazendo comentários no pátio do edifício no qual moram, acompanhados pela bela e melancólica trilha sonora de Raben, que se tornaria presença contínua nas produções posteriores de Fassbinder. Toda a composição dessas breves intervenções da música e dos movimentos de câmera nos passeios das duplas, como da disposição dos atores em cena já aponta para o caráter de um humor profundamente subliminar, que tanto quanto seu distanciamento emocional e a forma seca e despojada com que são apresentados os personagens serão característicos dos primeiros filmes do diretor. Antitheater X-Film. 88 minutos. 


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