Filme do Dia: Amores Imaginários (2010), Xavier Dolan

Amores Imaginários (Les Amours Imaginaires, Canadá, 2011). Direção, Rot. Original, Montagem e Figurinos: Xavier Dolan. Fotografia: Stéphanie Anne Weber Biron.Com: Monia Chokri, Xavier Dolan, Niels Schneider, Anne Dorval, Anthony Huneault, Patricia Tulasne, Jody Hargreaves, Clara Palardy.
        Marie (Chokri) e Francis (Dolan) se apaixonam perdidamente por Nicolas (Schneider) ao mesmo tempo. O resultado é a crianção de diversas expectativas amorosas por parte de ambos, quando Nicolas os convida para saírem ou dormirem a três. Após muito tempo de indecisão e sofrimento revelam sua paixão por Nicolas e recebem não mais que o desinteresse do mesmo. Um ano após, refeitos da frustração, Marie e Francis voltam a se interessar por outro homem atraente em uma festa.
       Além de ter que lidar com a expectativa do primeiro filme após sua sobrevalorizada estreia com Eu Matei Minha Mãe, de fato mais interessante, esse filme de Dolan acaba sendo prejudicado por um roteiro que mais caberia aos propósitos de um curta-metragem. Dolan, sem dúvida, apresenta bem maior domínio da arte cinematográfica que outros cineastas francófilos igualmente associados a um certo cinema queer e consegue fazê-lo a partir de uma moldura que não suscita qualquer aproximação sentimental. Por mais que nem por isso evite brechas para uma identificação fácil por quem já vivenciou situação semelhante, inclusive em termos contemporâneos – frisado por “depoimentos” de pessoas que não fazem parte do corpo narrativo, como a jovem que afirma sobre a decepção da ansiedade gerada por abrir sua caixa de mensagens em busca de encontrar uma mensagem do seu objeto de amor e se deparar com não mais que uma mensagem publicitária. Se ocorre alguma subliminaridade a pairar sobre o que é apresentado ela acaba por ser de um tom que beira a ironia mais que o drama. Dolan se encontra longe de trabalhar, por exemplo, com o universo moral de um Rohmer. Sabemos sobre seus personagens apenas que eles possuem o mesmo objeto de desejo/amor. E o filme tampouco aprofunda qualquer característica marcante de Nicolas que vá além de um evidente narcisismo – como quando, após testemunhar uma briga literal entre Marie e Francis, simplesmente afirma “os que me amam que me sigam”. Se por um lado tal estratégia torna-se mais que aplicável à estrutura psicológica dos envolvidos na situação, por outro torna o filme um exercício um tanto quanto previsível e arrastado. E o pior de tudo é que, quando justamente consegue criar uma imagem de verdadeiro peso dramático, quando os amigos, observados em câmera lenta, saem abraçados de costas na chuva e a garota oferece um pouco da cobertura de seu guarda-chuva ao rapaz, acrescenta um dispensável epílogo que irá mais uma vez ressaltar o óbvio: a recorrência da situação que se anuncia. E, ainda pior, são os cacoetes utilizados como o de uma nervosa aproximação/distanciamento dos personagens através do zoom, que fica posteriormente relativamente esquecido. Mifilfilms para Alliance. 101 minutos.

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