Filme do Dia: Uma Garota Dividida em Dois (2007), Claude Chabrol


Uma Garota Dividida em Dois (La Fille Coupée en Deux, França/Alemanha, 2007). Direção: Claude Chabrol. Rot. Original: Claude Chabrol & Cécile Maistre. Fotografia: Eduardo Serra. Música: Matthieu Chabrol. Montagem: Monique Fardoulis. Dir. de arte: Françoise Benoît-Fresco. Figurinos: Mic Cheminal. Com: Ludivine Sagnier, Benoît Magimel, François Berléand, Mathilda May, Caroline Sihol, Marie Bunel, Valeria Cavalli, Etienne Chicot.
Em Lyon, Gabrielle (Sagnier), filha da livreira Marie (Bunel), e apresentadora de TV, apaixona-se pelo escritor Charles St. Denis (Berléand), homem de meia-idade, que vive um relacionamento estável com a esposa Dona (Cavalli) e que vai lançar seu novo livro na livraria da mãe. No mesmo dia, Gabrielle é assediada pelo milionário e herdeiro de um laboratório francês Paul Gaudens (Magimel), que demonstra estar perdidamente apaixonado por ela. St. Denis viaja e desaparece subitamente da vida de Gabrielle a deixando deprimida. Sua mãe convida Paul para tentar fazê-la superar o trauma. Ambos viajam para Lisboa e decidem se casar. Completamente obcecado pela relação que Gabrielle tivera com St. Denis, Paul não consegue lidar com o fato de Gabrielle não apenas ainda amar St. Denis como ter ido com esse para um local de sexo entre casais. No dia de uma homenagem a St. Denis, encabeçada por sua própria mãe, Geneviève (Sihol), Paul o mata. Gabrielle, pressionada pela família Gaudens, decide falar a verdade, favorecendo uma redução de pena para Paul, mas sua mãe não quer mais que ela tenha qualquer contato com ele, o que Paul aceita. Deprimida e confusa, Gabrielle aceita a inusitada proposta do tio Denis (Chicot).
Com uma estética visual que pouco faz lembrar a das obras costumeiras de Chabrol, o grande mérito do filme talvez seja a construção atmosférica com a qual enreda a teia dos personagens e que leva certo tempo dentro da narrativa. Estabelecidas as relações de modo mais fechado, apela-se para um psicologismo histérico, entre o patético e o dramático, mais próximo do universo de Chabrol e o filme parece que vai igualmente perdendo seu prumo, não conseguindo se encontrar à altura de alguns dos títulos mais recentes do realizador (tais como Madame Bovary) e sua obsessão pelas obsessões afetivas em um universo burguês que nunca consegue dar conta dos ímpetos passionais de seus personagens. Dentro desse psicologismo existe espaço para uma manifestação (voluntariamente?) caricata de espelhamento do dândi de Paul em St. Denis, que consegue efetivar tudo o que ele deseja e ainda ser aceito socialmente. A saída final, tão evasiva a seu modo, quanto a de Entre Amigas (1960), está longe de possuir, no entanto, o mesmo lirismo que consegue sobreviver à própria ironia. Aqui soçobra somente a ironia e a gratuidade. É pouco para a expectativa gerada pela primeira metade do filme. Alicéléo/Rhône-Alpes Cinéma/France 2 Cinéma/Integral Film/ Canal+/Ciné Cinémas/CNC para Wild Bunch. 115 minutos.

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