Filme do Dia: Métisse (1993), Matthieu Kassovitz



 Métisse (1993) Poster
Métisse (Idem, França/Bélgica, 1993) Direção: Mathieu Kassovitz. Rot.Original: Mathieu Kassovitz. Fotografia: Pierre Aïm. Música: Jean-Louis Daulne & Marie Daulne. Montagem: Colette Farrugia & Jean-Pierre Segal. Com: Julie Mauduech, Hubert Koundé,  Mathieu Kassovitz., Vincent Cassel, Tadek Lokcinski, Jany Holt, Berthe Bagoe, Jean-Pierre Cassel, Brigitte Bémol, Camille Japy, Peter Kassovitz.
          Felix (Kassovitz), judeu francês,  chega a um apartamento de bicicleta ao mesmo tempo que um negro chamado Jamal (Kounde). O apartamento é de Lola (Mauduech), jovem e bela morena que revela uma dupla surpresa para ambos: não só os namorara simultaneamente como está grávida e não sabe quem é o pai. Ambos ficam transtornados e brigam. Enquanto Felix se afasta, Jamal rompe com uma namorada ocasional loura (Bémol) da universidade  indo morar no apartamento de Lola. A família de Felix, de arraigadas tradições judias, insiste em perguntar sobre Lola, satisfeitos que o filho não tenha seguido o rumo do irmão Max (Cassel), traficante de drogas, mesmo sabendo que a moça não é de origem judia.Certo dia, no entanto, após o avô (Lokcinski), ter comentado que a vira andar de bicicleta por onde andavam, Felix vai se encontrar com Lola. Enquanto conversam Jamal chega e uma nova discussão atrai a polícia. Lola se retira do local. Após outro encontro que resultou em nova briga em uma lanchonete, Felix é surpreendido pela chegada inesperada de Jamal atrás de Lola no apartamento de sua família. Ao sair entrega a Felix o exame que comprova ser ele o pai da criança. Felix vai atrás da avó (Bagoe) de Lola, que só revela o segredo de sua viagem após ganhar um mês de supermercado. Quando Lola retorna do aeroporto, tanto Felix quanto Jamal lhe esperam cada um com um buquê de rosas. Ela passa direto, ignorando-os. Quando retorna a pé, Felix é surpreendido pela carona de Jamal. Jamal afirma que devem deixar de infantilidades e se tornarem amigos, já que se encontram na mesma situação. Lola marca um encontro com ambos e diz ter se arrependido da atitude que tivera com eles no aeroporto, afirmando que voltaria a ser amiga deles se eles fizessem um trato de cuidar dela nos meses de gravidez que restavam. Jamal concorda, e Felix para não ficar por baixo também. Assim ambos ficam cuidando das compras, fazendo a comida e a faxina do apartamento. Certa noite, no entanto, são surpreendidos por Lola, que diz não aguentar mais a solidão em que vive, e que pretende dividir a cama com Felix e Jamal. Certo dia Felix leva Jamal e Lola para conhecerem sua família, no dia de um tradicional almoço judeu. Apesar de todas as expectativas contrárias por parte de Jamal e Lola,  tudo sai bem, com o avô de Felix fazendo uma demonstração de dança tradicional para todos. Tudo transcorre na normalidade até a madrugada em que Lola deseja comer morangos. Felix vai procurar com Jamal e são surpreendidos na volta por uma patrulha policial, que os acossa até descobrirem que Jamal é diplomata. Porém, quando o episódio parece findo, tanto Felix quanto Jamal xingam os policiais e quando a briga entre eles e os policiais parece eminente, brigam entre si. Os policiais tentam separá-los, mas é em vão. Retornam à delegacia. Jamal se integra ao grupo de amigos de Felix que joga basquete. Numa noite, após uma discussão, Felix afirma que vai desaparecer por um tempo. Logo quando sai, as contrações de Lola se iniciam e Jamal a leva ao hospital. Felix vai a uma discoteca e quando recebe um convite de uma mulher (Japy) para passar a noite em sua casa, recebe uma mensagem em seu bip lhe avisando da situação. Pega uma bicicleta emprestada com amigos, que não tem tempo de lhe avisar que se encontra sem freios e choca-se com um caminhão. Enquanto isso, Jamal assiste nervoso ao parto. Quando Felix chega ao hospital e afirma ser o pai e pergunta a cor do bebê, a enfermeira diz nunca ter ouvido situação semelhante. Ele chega ao quarto e encontra Jamal e Lola com a criança.
Primeiro longa-metragem de Kassovitz, que aqui não apresenta o mesmo talento e originalidade que marcaram seus filmes posteriores,  principalmente O Ódio (1995), realizando uma banal comédia de costumes com o direito a todos os clichês habituais com relação a questões de gênero e raça que foram comuns nas produções francesas e alemãs das décadas de 80 e 90 como Homens (1986) de Doris Dörrie. Ao mesmo tempo seu estilo juvenil pós-adolescente e pré-adulto é semelhante ao dos filmes de Kevin Smith como O Balconista (1996) e Procura-se Amy (1997), outra tentativa mal sucedida de transformar em dramaturgia concepções de relacionamento afetivo que estão na moda, e que acaba igualmente como neste filme sendo sufocado pela ideologia politicamente correta, que deixa como saldo pouca profundidade, ausência de ironia, personagens pouco elaborados, situações esquemáticas e um humor grandemente auto-condescendente. Até mesmo ao transformar o negro em rico e o branco em pobre o filme pode ir contra a condição social habitual, mas profundamente de encontro à produção de comédias e dramas do gênero. A construção da própria narrativa é pouco elaborada e apresenta diversas cenas desnecessárias para a compreensão do enredo. Os únicos pontos em comum com seu melhor filme, O Ódio, é o personagem vivido pelo próprio Kassovitz e o ambiente proletário em que vive, permeado por amizades com indivíduos marginais. Le Studio Canal+/Les Productions Lazennec/Nomad Films/SFP. 94 minutos.

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