Filme do Dia: Imputato, Alzatevi! (1939), Mario Mattoli




Imputato, Alzatevi! (Itália, 1939). Direção: Mario Mattoli. Rot. Original: Mario Mattoli & Vittorio Metz, a partir do argumento de Anacleto Francini. Fotografia: Arturo Gallea. Música: Vittorio Mascheroni & Luigi Spaggiari. Montagem: Fernando Tropea. Dir. de arte: Piero Filippone. Cenografia: Mario Rappini. Com: Erminio Macario, Leila Guarni, Ernesto Almirante, Greta Gonda, Enzo Biliotti, Carlo Rizzo, Armando Migliari, Lola Braccini.
Cipriano Duval (Macario) é um médico que leva sua vida rotineira, fingindo receber cartas de admiradoras e criando animais dos mais diversos em casa, não sendo levado a sério pelos colegas de trabalho. A situação muda de figura quando ele vem a ser equivocadamente tido como assassino de uma mulher. Com a repercussão do julgamento, Cipriano se torna uma celebridade do mundo do espetáculo.
Pouco importa que muitos dos elementos dessa comédia desapareçam de todo ao longo de suas reviravoltas, como é o caso da mania de criar animais cultivada pelo herói, assim como sua desnecessária e redundante continuidade após o episódio do julgamento. Seu ritmo histérico e seu escracho com os valores estabelecidos, sobretudo através da delirante representação do julgamento enquanto palco teatral, com direito a aplausos  vibrantes da platéia e cumprimentos de todo o “elenco”, soa muito mais saudável, do que algumas produções mais pretensiosas, bem acabadas e próximas de um cinema de propaganda, como I 3 Aquilotti, que o cineasta dirigirá posteriormente. Seu escracho possui paralelos com o da chanchada brasileira, assim como as caretas e trejeitos de Macario guardam seu parentesco com os de Oscarito, e a anarquia da animação dos desenhos da Warner, em seus melhores momentos, antecipando em décadas o deboche que privilegia mais as gags isoladas do que propriamente um conjunto mais orgânico em filmes como Apertem os Cintos...O Piloto Sumiu. Dentre algumas das melhores tiradas, encontra-se a do réu jogando com um dos policiais que o vigiam, após a interminável palração do promotor e o momento em que ele confunde a careca de um senhor com um balão e tenta explodi-lo com a ponta de seu charuto. Ou ainda o músico que ao se assoar produz acordes de melodias célebres. Seguindo os passos de Mario Camerini, Mattoli demonstrou ser um cineasta mais dinâmico e menos afeito a fórmulas de pares românticos, costumazes nos filmes de Camerini – o elemento romântico, que envolve uma companheira de trabalho de Cipriano, praticamente não possui qualquer relevância na narrativa. Alfa Cinematografica para CINF. 82 minutos.


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