Filme do Dia: Abuna Messias (1939), Goffredo Alessandrini

Abuna Messias (Itália, 1939). Direção: Goffredo Alessandrini. Rot. Original: Goffredo Alessandrini, Luigi Bernardi, Vittorio Cottafavi, Domenico Meccoli & Callisto V. Vanzin. Fotografia: Renato del Frate & Aldo Tonti. Música: Mario Gaudiori & Licinio Refice. Montagem: Giorgio Simonelli. Dir. de arte: Carlo G. Ponchain, Guido Presepi, Dino Marteus & Alfonso Paulis. Cenografia: Angelo Tagame. Figurinos: Carlo G. Ponchain & Guido Presepi. Com: Camillo Pilotto, Enrico Glori, Mario Ferrari, Amadeo Trilli, Ippolito Silvestri, Franz Sala, Roberto Paretti, Corrado Racca.
Etiópia, século XIX.  O cardeal missionário italiano conhecido como Abuna Messias (Pilotto), torna-se um conhecido benfeitor, que inclusive consegue dizimar uma das doenças que acomete boa parte dos nativos, criando uma vacina que os imuniza do mal. Invejoso de sua influência, assim como da fé cristã, sobre o reino de Menelick (Glori), Abuna Attanasio (Ferrari), líder da igreja ortodoxa, alia-se ao Rei Johannes (Silvestri), para guerrear contra a nação de Menelick. Quando Abuna Messias sabe da situação, ele se opõe ao conflito. Após uma batalha em que Johannes sai vitorioso, Johannes impõe a renúncia de Menelick ao comando de seu reino e a expulsão de Messias, assim como da fé cristã nas nações etíopes. Quando parte, Messias ainda perde seu mais fiel aliado, Padre Leone (Paretti), que sucumbe enfraquecido, e ele faz  de Ghebrá (Trilli), um ex-escravo comprado por Messias, compadecido de seu sofrimento, o seu continuador de sua missão cristã.
Ainda que como outras produções do período façam menções diretas (Luciano Serra, Piloto) ou indiretas ao conflito e a vitória na Étiopia (Cipião, O Africano), o que mais chama a atenção nessa produção é que a fé cristã e seu “humanismo” acaba se sobrepondo à mensagem que associa a força bélica à vitória, que fora a tônica da maior parte dos filmes históricos ou de guerra produzidos até então, incluindo Luciano Serra dirigido pelo mesmo realizador no ano anterior. Aqui uma vitória “moral” exerce ascendência, mesmo que o germe inoculado pelo iluminado cardeal italiano no africano que libertou sinalize fortemente para a posterior conquista italiana do século seguinte. Os africanos não poderiam ser observados de forma mais paternalista, sendo seus líderes vividos por atores italianos besuntados de preto. E a contraposição do humanismo desinteressado cristão do oportunismo representado pelo vil líder ortodoxo tampouco deixa qualquer vestígio que transcenda o maniqueísmo fácil. Parece existir uma versão mais longa, na qual Abuna Messias chega a ir a Europa em negociação diplomática fracassada com o Conde de Carvour, que não se encontra nessa versão. Filmado em locações que impõem certo tom de verossimilhança e com a presença de uma cena de batalha que faz jus à dimensão épica de seu exército de extras, no qual a montagem ganha uma progressão acelerada, o filme ganharia o maior reconhecimento do establishment fascista em relação ao cinema então, o Prêmio Mussolini no Festival de Veneza. R.E.F. para Generalcine. 96 minutos.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar