Filme do Dia: Levanta-te, Meu Amor (1940), Mitchell Leisen



Levanta-te, Meu Amor (Arise, My Love, EUA, 1940). Direção: Mitchell Leisen. Rot. Original: Charles Brackett, Billy Wilder & Jacques Théry sob o argumento de Benjamin Glazer & Hans Székely. Fotografia: Charles Lang. Música: Victor Young. Montagem: Doane Harrison. Dir. de arte: Hans Dreier & Robert Usher. Figurinos: Irene. Com: Claudette Colbert, Ray Milland, Dennis O`Keefe, Walter Abel, Dick Purcell, George Zucco, Frank Puglia, Esther Dale.
Augusta “Gusto” Nash (Colbert) é uma ousada fotógrafa que consegue libertar o piloto Tom Martin (Milland) que combatia ao lado dos revolucionários em uma prisão fascista. Eles partem para Paris. Dividida entre sua carreira profissional e o crescente sentimento por Martin, Augusta resiste a sua paixão e aceita o cargo de correspondente estrangeira em Berlim, o mais cobiçado pelas repórteres de todo o mundo. Porém, é seguida por Tom, que faz com que desçam em meio a um bosque francês, onde passam alguns dias de amor. Após o idílio amoroso, decidem que é melhor retornar para os Estados Unidos e levar uma vida pacata em Cleveland. O navio em que retornam, no entanto, é vítima de um ataque das forças do eixo na costa irlandesa. Tom  é convidado pelos outros pilotos a ir atrás do submarino. Augusta decide assumir seu cargo em Berlim, após o furo conquistado com as notícias do bombardeio ao navio. Oito meses depois, quando reencontra Tom Martin ferido e incapaz de pilotar novamente um avião, no mesmo bosque onde viveram seus dias de amor, decidem retornar para os Estados Unidos, porém sem perder a combatividade com relação aos seus ideais.
Essa sentimental peça de propaganda anti-nazista – com algumas farpas, ainda que bastante indiretas, como era obrigação do código de produção hollywoodiano de então, à Guerra Civil espanhola – possui com mensagem nem tão subliminar atiçar um espírito e até mesmo a ação contra as ideologias fascistas que põem em risco os ideais democráticos. A passagem mais notória de tal mensagem é o momento em que o casal, no navio, decide brindar às figuras de si próprios como já falecidas e esperando por uma nova e pacata vida no solo americano, opção que o providencial torpedo lançado contra o navio irá provocar uma reconsideração. Com uma estrutura de comédia focada na relação entre gêneros, bastante comum à época (e uma das especialidades da dupla Brackett & Wilder, principalmente quando o segundo estrear como diretor nos Estados Unidos) até aproximadamente sua metade, o filme passa a partir de então a se aproximar do melodrama de guerra e de mais explícitas mensagens ideológicas. Não faltam referências ao próprio universo do cinema contemporâneo – seja a Clark Gable ou a descoberta da atriz que viverá Scarlett O´Hara em ...E O Vento Levou) e uma cena em que, dividida entre a atração por Tom e sua carreira profissional no quarto de hotel, Colbert simula o que poderia se aproximar de mais próximo da auto-satisfação sexual – a personagem deitada passa a mão brevemente por seu próprio busto. O título é uma evidente alusão a necessidade dos Estados Unidos se erguerem contra a ameaça fascista que ronda o mundo. Paramount Pictures. 110 minutos.

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