Filme do Dia: Olhar Estrangeiro (2006), Lucia Murat


Olhar Estrangeiro (Brasil, 2006). Direção: Lucia Murat. Rot. Adaptado: Murat, a partir do livro de Tunico Amâncio. Fotografia: Dudu Miranda. Música: Zé Paulo Becker. Montagem: Júlia Murat.

Documentário que recenseia as produções internacionais que tiveram o Brasil como motivação central, ambientação ou pano de fundo para suas tramas. É construído sobretudo a partir dos depoimentos de atores ou – e principalmente – realizadores norte-americanos e franceses e trechos das produções aos quais participaram. As descrições e mistificações não são muito diversas das presentes no cinema clássico, sendo que a selva agora é parte muitas vezes de uma trama que demonstra preocupações “ecologicamente corretas” e a nudez já pode ser aceita sem maiores problemas. O painel, que apresenta uma postura primordialmente  de cenário para fantasias neo-colonialistas acaba deixando de fora ou sequer fazendo menção a produções que, por razões diversas, não podem ser enquadradas dentro do figurino padrão clichê como Fitzcarraldo (1982), de Herzog. À exceção parece ser o caso mítico de It´s All True de Welles.  O resultado final, ainda que ocasionalmente interessante, deixando na maior parte das vezes que os próprios depoentes tropecem ou registrem sua própria ingenuidade, cinismo ou má fé, como é o caso de Michael Caine, com porções generosas de fala, inclusive uma na qual afirma que todo clichê é construído sobre elementos reais, é, via de regra, redundante. O que o filme expõe com detalhe é algo devidamente sabido e poucas vezes ele escapa dessa redundância na conformação do que busca, cujos exemplos não são efetivamente difíceis de serem encontrados aos borbotões. Um dos poucos entrevistados a demonstrar uma inteligência acima da média é Jon Voight, que simplesmente se nega a compartilhar do jogo que irá depor contra si próprio, respondendo em tom de galhofa a interpelação de Murat em um pingue-pongue de associações que ela sugere a seus entrevistados. Limites/Okeanos/Taiga Filmes para Riofilme. 70 minutos.

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