Filme do Dia: O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006), Cao Hamburger


O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (Brasil, 2006). Direção: Cao Hamburger. Rot. Original: Cláudio Galperin, Cao Hamburger, Bráulio Mantovani & Anna Muylaert. Fotografia: Adriano Goldman. Música: Beto Villares. Montagem: Daniel Resende.  Com: Michel Joelsas, Germano Haiut, Caio Blat, Daniela Piepszyk, Simone Spoladore, Liliana Castro, Paulo Autran.
Em 1970, um casal leva o filho Mauro (Joelsas) de Minas para São Paulo,  no bairro judaico do Bom Retiro, onde mora o avô barbeiro Mótel (Autran), para buscar refúgio da repressão militar. Quando sabe da notícia, o avô não resiste e morre no trabalho. Sozinho, Mauro é acolhido pelo vizinho judeu ortodoxo Shlomo (Haiut). Inicialmente entrando em conflito com os costumes diferentes, Mauro, no entanto, fica próximo de Shlomo, da garota judia Hanna (Piepszky) e do amigo do pai Ítalo (Blat). Fanático por futebol, Mauro aguarda ansiosamente a promessa do retorno dos pais após a copa. Shlomo é levado pelos militares. Mauro passa  então a ser auxiliado por todas as famílias vizinhas. No dia da final da copa, ele tem o  jogo interrompido pela chegada de Shlomo com sua mãe.
Seguindo o bom acabamento visual padrão do cinema nacional contemporâneo, o filme ao mesmo tempo se beneficia e é prejudicado pela opção da perspectiva de ser narrado por uma criança. Assim, se consegue fugir de boa parte dos clichês da abundante produção sobre o período, centrada sobretudo em militantes de esquerda  e  o sofrimento de seus familiares tais como Cabra Cega e Zuzu Angel, tampouco sua opção de contornos mais poéticos associados à infância deixa de por si só ser igualmente marcada em diversos momentos por uma sensação de déjà vu.  O filme cai na armadilha de literalmente mesclar a final da copa com o auge do drama do garoto (algo semelhante ao final de O Maior Amor do Mundo), significando literalmente a interrupção de sua “alienação” sobre o que se passava com o país e os pais. De certo modo há uma certa corroboração de um país que só não é completamente unido por conta da truculência militar, como evidenciado na seqüência que mescla um jogo de futebol em que interagem judeus, descendentes de italianos e africanos.Destaque para a relativa contenção emocional com que tudo é retratado e para a eficiente interpretação do ator amador Germano Haiut. Gullane Filmes/Caos Produções Cinematográficas/Miravista. 110 minutos.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar