Filme do Dia:Um Mundo Quase Possível (2012), Michel Deville



Um Mundo Quase Possível (Un Monde Presque Paisible, França, 2002). Direção: Michel Deville. Rot. Adaptado: Rosalind & Michel Deville, baseado no romance Quoi de Neuf sur la Guerre, de Robert Bober. Fotografia: André Diot. Música: Giovanni Bottesini. Montagem: Andrea Sedlácková. Dir. de arte: Arnaud de Moleron. Figurinos: Madeline Fontaine. Com: Simon Abkarian, Lubna Azabal, Zabou, Clotilde Courau, Vincent Elbaz, Julie Gayet, Stanislas Merhar, Denis Podalydés, Malik Zidi.
Paris, 1946. O universo de relações que trafega pela casa do alfaiate judeu, M. Albert (Abkarian): sua esposa Lea (Zabou), que flerta com Charles (Podalydés), que permanece fiel a memória de sua mulher, morta  em um campo de extermínio nazista; o casal Léon (Elbaz) e Jacqueline (Azabal); o desajeitado aprendiz Joseph (Zidi), que sonha ser escritor, contratado juntamente com Maurice (Merhar), que vai atrás de prostitutas nas horas vagas, até que decide manter uma relação com uma, Simone (Courau); a solteirona Mademoiselle Andrée (Gayet), que vez por outra chega a alfaiataria tentando vender os mais diversos produtos e encorajar as pessoas a ingressarem em seu correio sentimental.
Deville consegue utilizar o afresco do universo pequeno-burguês judeu imediatamente pós-Segunda Guerra para criar um filme que possui como maior virtude incorporar à crônica familiar no estilo de Ettore Scola uma sensata dose de influência do cinema moderno, afastando-se do tom excessivamente sentimental e de efeito cômico fácil de Scola e provocando um maior senso de distanciamento emocional diante das vidas retratadas. Da mesma maneira que ao optar por adaptar uma obra ambientada imediatamente após o  conflito mundial faz com que o filme se afaste dos momentos mais dramáticos vivenciados pelos personagens, já retratados à exaustão pelo cinema, porém ao mesmo tempo demonstrando  o quanto se encontram latentes e podendo aflorar a qualquer momento preferindo, no entanto, enfatizar o esforço para a reconstrução de suas vidas. Faz parte desse esforço o reencontro ocasional com pessoas relacionadas diretamente com o trauma passado, como é o caso de Joseph, que se encontra na Polícia com o mesmo funcionário que comandara a deportação de seus pais. Porém esse esforço é explorado mais na chave dos fatos comezinhos do cotidiano de todos que heroicizante. Boa parte do filme, por exemplo, se interessa pelas vidas sentimentais dos personagens, unindo todos no momento em que se encontram entre quatro paredes, solitários ou acompanhados. Nada de extraordinário acontece em suas vidas e o final do filme, quando todos os personagens se encontram num piquenique, acentua ainda mais a sensação de se estar observando apenas uma fração dos percursos que são rapidamente retratados, sem qualquer pretensão de resolver nenhuma das tensões sugeridas pelo filme. Um dos méritos do filme é o trabalho do elenco como um todo. O veterano Deville foi assistente de direção em várias produções dirigidas por Truffaut. Canal +/CNC/Eléfilm/France 3 Cinéma/France Télévision Images 2/Gimages 6. 94 minutos.


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