The Film Handbook#64: Terry Gilliam




Terry Gilliam
Nascimento: 22/11/1940, Minneapolis, Minnesota, EUA
Carreira (como diretor): 1974-

Anteriormente colaborador das sequencias surreais de animação para a série cômica de TV Monty Python Flying Circus, Terry Gilliam parece ter ofuscado seus ex-colegas enquanto artista de cinema verdadeiramente original e um errático e grandemente original diretor de filmes de fantasia.

a estreia em longa-metragem de Gilliam foi Monty Python e o Cálice Sagrado/Monty Python and the Holy Grail, co-dirigido com seu colega do Python Terry Jones, cuja assinatura como diretor, comparativamente mundana, foi posteriormente aplicada a Monty Python - A Vida de Brian/Monty Python's Life of Brian, Monty Python - O Sentido da Vida/Monty Python's the Meaning of Life e, escrito por David Leland, Serviços Íntimos/Personal Services. Se a mão de Gilliam na divertida, mas irregular sátira arthuriana foi indistinta da de seu parceiro, Jabberwocky - Um Herói por Acaso/Jabberwocky, versão vagamente pythonesca do poema de Lewis Carroll sobre um dragão abatido por um inocente covarde, apresenta seu humor estudantil  dentro do que se tornaria um universo tipicamente bizarro de Gilliam. A Idade Média é observada sob uma luz uniformemente escatológica: um rei desdentado fica empoeirado com os detritos que caem do teto do palácio; a queridinha do herói lhe dá uma maçã apodrecida comida pela metade como lembrança de amor; imundície e decadência são ubíquos.

Menos pythonesco foi Os Bandidos do Tempo/Time Bandits>1, uma lição onírica de história viva  contada a um incrédulo garoto por seis duendes e um Deus-diretor imaculadamente britânico. Irregularmente divertido enquanto seus viajantes encontram Robin Hood, Bonaparte, Agamenon e outros, beneficiou-se, no entanto, ao combinar o esplendor visual de um conto de fadas com a crueldade irracional de um pesadelo. Ainda mais imaginativo foi Brazil: O Filme/Brazil, uma sátira delirante e fértil sobre uma burocracia violenta e repressora ambientada em um futuro cinzento reminiscente de 1984 de Orwell. Um escriturário tímido e bem intencionado do Ministério da Informação sonha que voa para salvar uma estranha garota que transparece, quando finalmente a encontra, que pode ser uma terrorista; enquanto isso  seu sistema de aquecimento eternamente ineficiente leva-o ao salão governamental de tortura. Misturando mito e comédia de humor negro, surrealismo e caricatura social, o filme é surpreendente visualmente, tanto na criação de paisagens épicas (monolitos gigantes explodem da terra os vôos que buscam o desejo de liberdade do herói) e nos seus detalhes grotescos (faces obscenamente disformes por cirurgias de rejuvenescimento, um torturador aleijado vestido como Papai Noel). Se a trama é frequentemente irregular - talvez se esperando mais dada a riqueza da criação - a absurdamente coerente lógica do universo de fantasia de Gilliam, e a forma como está enraizada em uma realidade melancólica nada dessemelhante a da Inglaterra do pós-guerra, certifica que os apuros de suas vítimas infelizes sejam, em última instância, trágicos e tocantes.

Ao se libertar do padrão de humor do Monty Phyton, Gilliam tem provado ser um idiossincrático visionário a ser posto ao lado de Lynch. Se os muito publicizados problemas de produção no altamente custoso As Aventuras do Barão de Munchausen - uma extravagante fantasia de época sobre o triunfo da Imaginação sobre a fria Razão, prejudicado pelo fraco roteiro, mas repleto de imaculadas conjuntos de cenários de estúdio - provocando temores que sua inventividade possa ser tão indisciplinada quanto vívida, Brazil proporciona evidências amplas para criar mundos impossíveis, mas estranhamente familiares.

Cronologia
O gosto de Gilliam pelo visualmente surreal e grotesco pode sugerir comparações com Borowczyk, Lynch e Tashlin, também previamente animadores.

Destaques
1. Bandidos do Tempo, Reino Unido, 1981 c/David Rappaport, Kenny Baker, Ralph Richardson

2. Brazil - O Filme, Reino Unido, 1984 c/Jonathan Pryce, Kim Griest, Robert De Niro, Ian Holm

3. As Aventuras do Barão de Munchausen, Reino Unido/Itália, 1988, c/John Neville, Eric Idle, Oliver Reed, Robin Williams

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 116.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar