Filme do Dia: Adeus, Dragon Inn (2003), Tsai Ming-Liang

Adeus, Dragon Inn Poster

Adeus, Dragon Inn (Bu San, Taiwan, 2003). Direção e Rot. Original: Tsai Ming-Liang. Fotografia: Liao Beng-Bong. Montagem: Chen Scheng-Chang. Com: Li Kang-Sheng, Chen Shiang-Chyi, Mitabura Kiyonobu, Miao Tien, Chun Shih, Chen Chao-Jung, Yang Kuei-Mei.
Na última sessão de um cinema decadente, refúgio para encontros furtivos entre homossexuais, uma mulher (Shiang-Chyi) é ao mesmo tempo bilheteira, lanterninha e faxineira, enquanto um turista japonês (Kiyonobu) procura sem sucesso um parceiro para sexo.
Com a maior parte dos planos durando mais que um minuto, esse quinto longa-metragem de Ming-Lian consegue expressar através de sua construção sobretudo atmosférica (os diálogos são um adereço raro e pouco conseqüente em termos dramáticos, sendo que o primeiro surge após 40 minutos de filme) um distanciamento nas ações apresentadas que parece apenas ressaltar a ternura com que observa seus personagens anônimos em situações que não envolvem qualquer intriga efetiva ou ação dramática. Tal ternura somente irrompe de fato para os que conseguem atravessar sua semi-silenciosa jornada de demorados planos que muitas vezes acompanham toda a ação que efetiva um personagem, como é o caso muitas vezes da faxineira,  no momento da  canção final. Essa seqüência final, portanto, somente confirma a chave terna e precocemente nostálgica, algo vislumbrada já de modo mais efetivo no momento em que um velho ator (provavelmente da produção exibida no cinema) é reconhecido na saída do cinema, com que o filme acompanha as ações ritualísticas e mecânicas de seus personagens por ambientes tão insalubres quanto a própria ausência de comunicabilidade de seus personagens. Todo o ritual de encerramento da sessão e fechamento do cinema vem a coroar uma série de outros procedimentos que acompanham uma sessão de cinema, trazendo uma evocação da fruição do espetáculo, em alguns momentos, de O Homem com a Câmera (1929), de Vertov, mesmo que sob estratégias estilísticas completamente distintas; outro filme com o qual também poderia dialogar facilmente seria Fantasma (2006), de Lisandro Alonso; destaque na interação com o filme exibido o momento em que o filme efetiva um criativo jogo de plano-contraplano entre a faxineira e a ação na tela, ganhando ainda maior relevância por conta de sua montagem inusitadamente veloz. Prêmio FIPRESCI em Veneza. Homegreen Films. 82 minutos.

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