Filme do Dia: Law and Order (1969), Frederick Wiseman


Law and Order (EUA, 1969). Direção, Rot. Original e Montagem: Frederick Wiseman. Fotografia: William Brayne.
Documentário produzido para a TV e que segue, de forma mais radical que alguns de seus antecessores, tais como aqueles sob a égide de Robert Drew (Primárias, Por Trás de um Compromisso Presidencial) e mais próximo talvez, em seu radicalismo observacional de filmes contemporâneos como Caixeiro-Viajante, dos Maysles Mesmo que maciçamente focado em seu estilo observacional tal como aquele – e que aqui diz respeito a pessoas que tem suas residências invadidas pela polícia ou sofrem alguma acusação policial, mas também momentos em que a polícia se apresenta como mediadora de conflitos ou como reforço assistencial, como é o caso da pequena garota negra que se perdeu de seus responsáveis – o filme, tal como o dos Maysles, não se escusa em fazer uma forte incisão pela montagem. Bem mais forte, em sua carga ideológica, que a presente no filme dos Maysles. Naquele, observa-se, a determinado momento que o comentário do vendedor a respeito de seus colegas seja acompanhado por momentos que apresentam cada um dos comentados. Aqui, emerge de um ambiente completamente estranho aos retratados, próximo ao final, um discurso de Nixon que, seguindo os habituais preceitos conservadores, fala sobre o temor de qualquer cidadão em andar nas cidades norte-americanas à noite e que a lei e a ordem precisam ser asseguradas. Ou seja, Wiseman extrai seu próprio título da fala de Nixon, mas apresenta um quadro bastante desigual e que fala por si próprio, com policiais cometendo arbitrariedades e violência, sobretudo contra pessoas negras, seja cometendo o sufocamento de uma prostituta ao invadir sua casa ou jogando um homem semi-embriagado ao chão. Em diversos momentos não se furta em observar algo das conversas entre os próprios policiais, seja na dimensão institucional, com um superior pedindo que se dirijam respeitosamente aos que são abordados e provocando uma reação imediata de um policial, seja em conversas privadas a respeito de salário e ascensão profissional – flagradas com um grau de liberalidade que talvez hoje um documentarista não conseguisse com facilidade. The Ford Foundation/Osti Films. 81 minutos.

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