Filme do Dia: Mulher de Fogo (1952), Douglas Sirk


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Mulher de Fogo (Take Me to Town, EUA, 1952). Direção: Douglas Sirk. Rot. Original: Richard Morris. Fotografia: Russell Metty. Música: F.Hugh Herbert & Milton Rosen. Montagem: Milton Carruth. Dir. de arte: Bernard Herzbrun, Hilyard Brown & Alexander Golitzen. Cenografia: Russell A.Gaussman & Julia Heron. Figurinos: Bill Thomas. Com: Ann Sheridan, Sterling Hayden, Philip Reed, Phyllis Stanley, Larry Gates, Lee Patrick, Forrest Lewis, Lee Aaker, Ann Tyrell.
Vermilion O´Toole (Sheridan) é uma fugitiva da lei que encontra refúgio em uma pequena cidade, onde passa a ser dançarina de um cabaré. Sua sorte transforma-se quando os garotos de um viúvo, o pastor Will Hall (Hayden), acreditam que ela pode ser uma mãe mais amorosa e liberal que a carola Sra. Stoffer (Stanley), que ameaça ser a futura madrasta. Fugindo do delegado vai passar alguns dias na casa de Will. Sua presença provoca furor na comunidade local e Will chega às vias de fato com um homem que insinuara sobre a má reputação dela. A chance de inserção social para  Vermillon ocorre quando a comunidade se prepara para angariar fundos para a construção de uma igreja. Ela passa a liderar a organização do evento, contrariando tanto as tímidas propostas de arrecadação das outras mulheres, quanto sua acanhada performance nos ensaios. Enquanto o espetáculo ocorre, a reputação  de Vermillon pode ser abalada, menos pela presença do delegado, agora pacificado e enamorado de sua amiga Rose (Patrick), que pelo retorno de Newton Cole (Reed), o farsante com quem se envolvera anteriormente.
Essa comédia, exuberantemente fotografada em technicolor, foi o primeiro filme de Sirk a ser produzido por Ross Hunter, para quem dirigiria suas obras-primas e a contar com uma unidade de produção que voltaria a se repetir com freqüência como o fotógrafo Metty e o diretor artístico Golitzen. Mesmo que sua incursão em uma leitura irônica do Sonho Americano ainda seja tímida, quando comparada com alguns melodramas posteriores como Almas Maculadas, Palavras ao Vento e Imitação da Vida, já se distancia da postura naïf que dita o tom de outra comédia anterior, Sinfonia Prateada. Assim a bela visão nostálgica e pastoral da vida provinciana do Velho Oeste presente em filmes como Amor e Ódio na Floresta (1936), de Henry Hathaway, é contrabalançada pelo conflito, onde se encontra um elemento que vai contra as convenções sociais do meio em que vive, que seria magistralmente elaborado em Tudo Que o Céu Permite. A partir do momento que une protagonistas com morais de vida que se encontram em pólos diametralmente opostos, Sirk não deixa de enfatizar também uma leitura subliminar de alta voltagem sexual, presente igualmente na admiração que os filhos do pastor nutrem pela futura madrasta. Mesmo que o casal não vá encontrar os dissabores de Tudo Que o Céu Permite – até mesmo por sua natureza cômica – a ironia, que nunca cai no cinismo com que Wilder trata seus personagens, permeia muitas das melhoras sequências, como o histriônico final que apresenta  uma Vermilion agora ensinando catequese às crianças, que provocaria ecos na Lola, de Fassbinder. Destaque para a interpretação grandemente carismática de Sheridan e para os engenhosos diálogos e  seqüência final, que contrapõe à ação no palco à realidade. Compõe juntamente com Sinfonia Prateada e Música e Romance, uma trilogia dirigida pelo cineasta em 1952, que explora temas relativos ao passado americano, utilizando-se de sequências musicais, porém longe de se aproximar dos filmes do gênero. Universal. 81 minutos.


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