Filme do Dia: O Grande Momento (1958), Roberto Santos


Resultado de imagem para o grande momento 1958 poster

O Grande Momento (Brasil, 1958). Direção: Roberto Santos. Rot. Original: Roberto Santos sobre o argumento de Norberto Nath. Fotografia: Hélio Silva. Música: Alexandre Gnatalli sobre tema de Zé Ketti. Montagem: João de Alencar. Dir. de arte: Norberto Nath. Com: Gianfrancesco Guarnieri, Myriam Pérsia, Vera Gertel, Jaime Barcellos, Paulo Goulart, Turíbio Ruiz, Norah Fontes, Angelito Mello.

              Zeca (Guarnieri) é um jovem que sofre com as dificuldades financeiras da família para que sua festa de casamento com Ângela (Pérsia) seja bem sucedida. Para tanto, ele surrupia umas economias do pai, vai atrás do dinheiro de um trabalho que havia realizado para um circo e chega mesmo a vender sua bicicleta, um dos objetos que mais aprecia. Só assim consegue comprar todos os comensais para a festa e pagar o aluguel do terno. A festa, inicialmente bem sucedida, transforma-se numa imensa baderna quando Zeca sai a procura do amigo Vitório (Goulart), que havia ficado de pagar o restante do dinheiro da bicicleta na festa e a família da noiva acredita que ele abandonou Ângela, ocorrendo uma grande briga entre a família da noiva e a família e amigos de Zeca. Ao final, quando partem em lua-de-mel para Santos, Ângela desiste da viagem quando o recém marido lhe conta sobre todas as dificuldades financeiras que vivencia.

      Juntamente com os filmes de Nélson Pereira dos Santos - que foi o produtor desse filme – Rio 40 Graus e Rio Zona Norte, também da segunda metade dos anos 1950, é considerado como um marco rumo a um cinema brasileiro de preocupações com a temática social que desencadearia na produção do Cinema Novo da década seguinte. O resultado irregular, consegue ser mais bem sucedido na sua primeira metade, em que há uma presença maior de um certo tom dramático e desesperançado que na metade final, focada sobretudo no ambiente da festa, em que envereda pelo estilo comédia de costumes a partir de sua visão dos valores provincianos da classe média baixa (um tipo de humor a partir de ambientes fechados e temporalidades reduzidas que parece ter influenciado boa parte da obra do cineasta Ugo Giorgetti) e que soa mais datado. Entre os seus melhores momentos, o toque de poesia associada a uma espécie de heroísmo resignado das classes populares, típico da produção neorrealista, que visivelmente influenciou o filme, presente na viagem em que o protagonista se despede de sua bicicleta. A influência da estética  da escola italiana também pode ser percebida na sua opção por uma trama que valoriza pequenas ações em detrimento dos elementos espetaculares associados aos filmes de gênero convencionais.  Realizado com o apoio do grupo teatral Arena. Nélson Pereira dos Santos Prod. Cinematográficas. 80 minutos.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar