Filme do Dia: Marquise (1997), Véra Belmont


Resultado de imagem para marquise 1997 poster

Marquise (Idem, França, 1997). Direção: Véra Belmont. Rot.Original:  Marcel Beaulieu, Véra Belmont &  Jean-François Josselin. Fotografia: Jean-Marie Dreujou. Música: Jordi Savall. Com:  Sophie Marceau, Bernard Giraudeau, Lambert Wilson, Patrick Timsit,  Thierry Lhermitte, Anémone.

Marquise (Marceau), é vendida pelo pai para uma companhia de artistas ambulantes liderada por Moliére (Giraudeau), cujo grande sonho é serem aceitos pela corte. Embora iniciando de forma traumática, esquecendo completamente suas falas, a apresentação de Marquise como dançarina é um tremendo sucesso. Entrando em crise e procurando abandonar o palco, após ser-lhe negada a pretensão de vir a interpretar e não apenas dançar, Marquise encena um suicídio, sendo amparada por Racine (Wilson), aspirante a dramaturgo, que lhe ensina a ser mais complacente. Após apresentar-se na corte aos olhos de um fascinado Luís XIV (Lhermitte), o sucesso de Marquise é selado. Casada com Gros-René (Timsit), que é complacente com seus relacionamentos extra-conjugais, desde que não o abandone, embora seja contrário a sua colaboração profissional com Racine. Seu envolvimento sexual com Moliére, por outro lado,  não lhe acena com a possibilidade de testar suas pretensões dramáticas. Racine também pretende envolver-se afetivamente com Marquise, mas esta, lembrando o que já ocorrido anteriormente com Moliére, prefere que o amor deles só se concretize após esse finalizar a peça. Racine levará como presente para René uma caixa de chocolates envenenados. Seu marido, piora e morre no palco, representando o seu papel correspondente na vida real, de moribundo, embora não tenha chegado a comer dos chocolates. A iniciação dramática de Marquise, na montagem de Andromaca de Racine, é constrangedora. Porém, após um esforço contínuo tanto dela como de Racine, apresentam a peça para a corte, emocionando a todos. Embora nada tenha a reclamar do momento que vive, Marquise não esquece Moliére, que vive um período de completa decadência, e procura restituir, sem sucesso, algum prestígio ao seu iniciador. Após acompanhar o excêntrico Rei, em um inédito banho numa fonte de Versalhes, para que ele possa escutar a poesia que declama, Marquise passa a sentir-se cada vez pior. Mesmo contra à vontade de sua camareira (Anémone), que lhe inveja a fama e procura reproduzir todos os seus gestos, Marquise vai  indisposta a mais uma representação de Andromaca, desmaiando no meio do espetáculo. Imediatamente a camareira se oferece para substituí-la e, embora a primeira vista Racine não goste da idéia, concorda. O sucesso é geral. Sabendo que o momento não é mais o seu, Marquise se envenena com os chocolates e morre no palco após mais uma apresentação de sucesso de Andromaca, sendo carregada por Racine ao final.

Esta grande produção, aliás como a maioria do gênero, não é nenhum exemplo de originalidade cinematográfica. Lidando com um tema e uma produção de semelhante envergadura, Farinelli, co-produzido pela própria Belmont, por exemplo, teve melhores resultados. Esse casamento entre drama histórico e grandes produções tem sido exaustivamente explorado pelo cinema francês nos últimos anos. Marceau, por exemplo, nos evoca imediatamente uma semelhante interpretação de Isabelle Adjani em Rainha Margot. Por outro lado, certa cenas dos bastidores da corte nos recordam Caindo no Ridículo. E como não associar imediatamente a ascensão da camareira não com outro drama de época, antes com o clássico do cinema americano A Malvada(1950), de Mankiewicz? Da mesma forma os exercícios de metalinguagem são aborrecedores de tão gastos já se encontram. Um dos poucos pontos realmente dignos de nota talvez seja que, embora dirigido por uma mulher, e tendo como temática principal a vida de outra, o filme procure uma visão da protagonista menos heróica e mais matizada que o que certas visões recentes de “minorias” como Malcolm X (1990) de Spike Lee, onde o inquestionável heroísmo moral seja do negro, da mulher ou do homossexual tendem a empobrecer a quem se pretende dignificar. Tratando sua Marquise como uma figura sagaz, ambiciosa, amoral e, ao mesmo tempo, terna e fiel, assim como outros personagens, como Moliére, Belmont pelo menos conseguiu chegar mais próximo de uma dimensão humana. 3 Emme Cinematográfica/AMLF/Alhena Films/Cofimage 5/France 3 Cinéma/Multivideo/Stéphan Films. 120 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar