Filme do Dia: A Cor da Romã (1969), Sergei Paradjanov

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A Cor da Romã (Sayat Nova, URSS, 1969). Direção; Sergei Paradjanov. Rot. Original: Serguei Paradjanov, baseado nos poemas de Sayat Nova. Fotografia: A.Samvelyan, Martyn Shakhbazyan & Suren Shakhbazyan. Música: Tigran Mansuryan. Montagem: Serguei Paradjanov. Dir. de arte: Stepan Andranikyan. Com: Melkop Aleksanyan, Vilen Galstyan, Giorgi Gegechkori, Onik Minasyan, Sofiko Chiaureli.

Paradjanov mostra-nos algo sobre o universo do poeta armênio Sayat  Nova menos  pela narrativa de sua vida em si do que por algumas das mais perturbadoramente belas imagens já produzidas pelo cinema. Tal como tableaux vivos, os planos do filme mesclam engenhosamente ângulos, movimentação dos atores, cores e canções tradicionais, tornando desnecessários os diálogos e sendo raramente surpreendidos por algum monólogo. Narrado sob a forma de pequenos sketches a partir dos textos do poeta – que é apresentado desde a sua infância, juventude e maturidade até os últimos dias (quase sempre como homem e mulher ao mesmo tempo) – tal e qual seu filme anterior, Cavalos de Fogo (1964). Porém, nunca o cineasta ousou tanto em termos de distanciamento da narrativa tradicional. Seu tom “hermético” seria um dos pretextos para que o regime soviético condenasse Paradjanov a vários anos de trabalhos forçados, só voltando a realização com A Lenda da Fortaleza Suram (1986), que juntamente com Ashik Kerib compõem com esse filme a trilogia de filmes-tableuxs do cineasta. A atmosfera mística desse, raras vezes evocada com tanto vigor por um meio predominantemente material como o cinema, diz respeito ao universo do próprio poeta armeno do século XVIII, assassinado por invasores persas ao recusar-se abandonar o cristianismo. A montagem é outro elemento que  exerce um papel fundamental, já que os planos são filmados com a câmara estática (não existem quaisquer movimentos de câmara ao longo do filme) e posteriormente justapostos, sem necessariamente maiores vinculações entre o anterior e o posterior. Alguns cortes abruptos e repetições de um mesmo plano (características típicas do cinema de colorações vanguardistas) também são utilizadas, assim como repetições de uma mesma frase. O resultado, grandemente onírico, embora guarde paralelos com muitos cineastas como Eisenstein (no papel que a montagem exerce, embora por motivações bem outras), Pasolini (em sua proximidade da iconografia cristã e das lendas populares) e Greenaway (com sua narrativa fragmentada, onde os elementos visuais ganham preponderância sobre o discurso falado), é, antes de tudo, profundamente idiossincrático. Armenfilm Studios. 75 minutos.

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