Filme do Dia: Por Que Deu a Louca no Sr.R? (1970), Rainer Werner Fassbinder


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Por Que Deu a Louca no Sr. R? (Warum Läuft Herr R. Amok, Al. Ocidental, 1970). Direção, Rot. Original e Montagem: Rainer Werner Fassbinder & Michael Fengler. Fotografia: Dietrich Lohmann. Música: Peer Raben. Dir. de arte: Kurt Raab. Com: Kurt Raab, Lilith Ungerer, Lilo Pempeit, Franz Maron, Harry Baer, Peter Moland, Hanna Schygulla, Ingrid Caven, Irm Hermann, Doris Mattes, Amadeus Fengler.

O Sr. R (Raab), introspectivo e trabalhando numa agência de publicidade e casado com a Sra. R (Ungerer), com o filho pequeno Amadeus (Fengler), que possui problemas de adaptação na escola, passa a ter algumas atitudes diversas de seus hábitos, demonstrando-se demasiado efusivo em encontros sociais e ainda mais circunspecto em casa e no trabalho. Certa noite, ao assistir televisão ao lado da esposa e da vizinha (Hermann), fica crescentemente irritado com a conversa de ambas e as mata, assim como ao filho com um castiçal. No dia seguinte, ele vai trabalhar normalmente e quando a polícia chega para interrogá-lo, surpreendendo a todos os seus colegas de trabalho que ainda não sabiam dos crimes, ele é encontrado morto no banheiro.

Mesmo que Schygulla afirme que o filme tenha sido dirigido exclusivamente por Fengler, é difícil não perceber a mão de Fassbinder nessa realização. Construídos em exemplares planos sequências que não chegam a pouco mais  de três dezenas, quase como que flagrantes de conversas banais do cotidiano, em grande parte aparentemente improvisadas, ressaltando o caráter flagrante do adoecimento de seu protagonista pela impossibilidade de expressão da afetividade não apenas enquanto um problema isolado dele, mas do próprio circuito social representado pela família e o trabalho, completamente orientado por convenções sociais absolutamente vazias de efetivo sentido ou convicção. Em termos de estilo tais planos são igualmente antecipadores do estilo de um Bela Tarr. O trabalho de câmera é visivelmente influenciado pelo estilo documental, as vezes acompanhando os dialogantes, as vezes apenas se detendo vagarosamente no rosto de alguém que escuta passivamente. É típico desse período da carreira do realizador a forma visivelmente distanciada com que tudo é observado, a pouca ênfase dramática no trabalho de direção de atores e a quase completa inexistência de trilha musical incidental sendo o filme, nesse sentido, bem menos convencional ou mesmo “didático” na apresentação do adoecimento psíquico de seu personagem do que outra produção posterior de outro momento de sua carreira, Eu Só Quero que Vocês Me Amem (1976). Prêmio OCIC no Festival de Berlim. Antiteater Produktion/Maran Film/SDR. 90 minutos.

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