The Film Handbook#141: Blake Edwards

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Blake Edwards
Nascimento: 22/07/1922, Tulsa, Oklahoma, EUA
Morte: 15/12/2010, Santa Monica, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1955- 1995

Apesar de um duradouro talento para uma comédia pastelão imaginativamente controlada, tem-se  a impressão de William Blake McEdwards ter, em anos recentes, perdido sua habilidade de contar uma boa história ou criar personagens genuinamente simpáticos. Mesmo que sua produção ainda seja prolífica, o habilidoso e polido estilismo de seus filmes não consegue esconder uma escassez de invenção. 

Ator veterano, Edwards escreveu diversos roteiros para Richard Quine antes de se voltar à direção com uma série de comédias e musicais. Seu primeiro filme digno de nota, Hienas do Pano Verde/Mr. Cory, uma engenhosa sátira sobre um jovem escroque irrompendo na sociedade, seguido por Anáguas à Bordo/Operation Petticoat, uma cínica comédia sobre vigaristas ambientadas a bordo de um submarino durante a Segunda Guerra. Com excelentes interpretações de Tony Curtis, estes filmes, juntos com uma versão emasculada de Bonequinha de Luxo/Breakfast at Tiffany's, de Truman Capote, estabeleceram Edwards como um talento cômico promissor; enquanto isso, Escravas do Medo/Experiment in Terror (um thriller de mulher em perigo, notável pelo uso imaginativo de suas locações em San Francisco) e uma análise sombria e comovente do alcoolismo em Vício Maldito/Days of Wine and Roses revelaram suas habilidades para o drama. Porém foi A Pantera Cor-de-Rosa/Pink Panther>1 que demonstrou a força de seu talento. Com o desastrado detetive francês de Peter Sellers, Clouseau, continuamente vítima de armadilhas; a elegante fotografia revelando um mundo de absurda sofisticação, e personagens sabidamente derivados de estereótipos tradicionais, o sucesso do filme enquanto diversão extravagante e pouco inteligente se encontrava assegurada; de fato, numerosas e cada vez mais grosseiras sequencias rotineiras iriam se tornar recorrentes na enfraquecida carreira durante os períodos de inatividade nos anos 70.

Apesar de mais ambiciosos e caros, os filmes posteriores de Edward apresentaram um quase imediato declínio: A Corrida do Século/The Great Race, somente medianamente divertido, sofreu com um enredo alquebrado e um elenco histérico; Um Convidado Bem Trapalhão/The Party demonstrava a habilidade do diretor de criar um crescendo de desastres, infelizmente sendo indulgente com a interpretação de Sellers com o rosto negro, enquanto um tosco indiano; Lili, Minha Adorável Espiã/Darling Lili foi um thriller de espionagem com romance extravagantemente desastroso. Surpreendentemente, o melhor filme de Edwards foi Os Dois Indomáveis/Wild Rovers>2 um western elegíaco e semicômico que apresenta dois ladrões de banco essencialmente inofensivos contra uma sociedade violenta. Grandemente despossuído dos artifícios de estúdio e da comédia pastelão, Edwards foi forçado a confiar nos personagens de William Holden e Ryan O'Neal enquanto um cowboy envelhecido e seu jovem companheiro - condenado pelo seu ingênuo desejo de ter algo - respondendo de forma magnífica.

Desde então, Edwards se encontrou crescentemente às turras com os estúdios hollywoodianos; fracassos foram entremeados com novas versões cínicas da Pantera Cor-de-Rosa. Não antes de Mulher Nota 10/10>3, o roteirista-diretor encontraria sucesso sem Clouseau; e esse deu vazão a fórmula de uma série de comédias descrevendo a frustração sexual masculina. Mulher Nota 10 dizia respeito aos problemas enfrentados por um Dudley Moore em menopausa que momentaneamente trai sua mulher pela garota estúpida de seus sonhos; da mesma forma, Meus Problemas com as Mulheres/The Man Who Loved Women, Minhas Duas Mulheres/Micki+Maude e Assim é a Vida/That's Life retratam as neuroses masculinas sobre o envelhecimento, fidelidade e potência sexual, mas ignoram, em sua maior parte, as emoções de suas esposas e amantes. Se seus roteiros errantes podem ser ditos que são sobre "nada", muitas das recentes sátiras de Edwards transpiram autopiedade, nenhuma mais que S.O.B., um ataque mau humorado sobre uma Hollywood mercenária que prefere vulgaridade à engenhosidade. Somente Victor ou Victoria/Victor Victoria>4, mesclando elegantemente música, farsa e papéis sexuais enquanto um cantor pobre (interpretada pela esposa de Edwards, Julie Andrews) decide se travestir, tornando-se a sensação de Paris, enquanto uma suposta encarnação feminina, sugere uma preocupação de Edwards por algo além do brilho superficial do visual de seus filmes.

É triste que um diretor que uma vez demonstrara talentos evidentes como Edwards tenha recorrido crescentemente a material nada original, banal e mesmo ofensivo. Sua obra recente, no entanto, oferece provas amplas que um tom sardônico, um talentoso senso de composição e um ritmo agitado são insuficientes para tornar os filmes comoventes, originais ou mesmo bem sucedidos. 

Cronologia
Um devoto confesso de Leo McCarey, Edwards pode ser visto como bebendo na mesma veia cômica  sombria de Wilder. Sua paixão pela comédia física - pastelão ou piadas visuais - vincula-o tanto aos comediantes mudos (seu recente Uma Tremenda Confusão/A Fine Mess foi um infeliz tributo a O Gordo e O Magro, Assassinato em Hollywood/Sunset aos westerns de Tom Mix) quanto a Tati

Destaques
1. A Pantera Cor-de-Rosa, EUA, 1963 c/Peter Sellers, David Niven, Capucine

2. Os Dois Indomáveis, EUA, 1971 c/William Holden, Ryan O'Neal, Karl Malden

3. Mulher Nota 10, EUA, 1979 c/Dudley Moore, Julie Andrews, Bo Derek

4. Victor ou Vitoria, EUA, 1982 c/Julia Andrews, Robert Preston, James Garner

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 93-4.

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