The Film Handbook#145: William Wellman

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William Wellman
Nascimento: 29/02/1896, Brookline, Massachussets, EUA
Morte: 09/12/1975, Los Angeles, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1923-1958

Durante sua profícua e irregular carreira, William Augustus Wellman - popularmente conhecido como "Wild Bill", dado o seu comportamento tempestuoso e difícil - ganhou a reputação de especialista em filmes de aventuras viris e repletos de ação. Porém, em retrospecto, talvez sua melhor obra tenha sido nos domínios da comédia maluca e do melodrama romântico.

Tendo se destacado ele próprio enquanto piloto na I Guerra Mundial, Wellman passou de relance pela carreira de ator antes de preferir se manter por trás das câmeras. Subindo de mensageiro à assitente de direção, iniciou sua carreira como diretor em 1923, realizando em sua maior parte westerns de baixo orçamento. Por fim,em 1927, tornou-se capaz de pôr suas experiências passadas em bom uso quando das espetaculares e autêticas filmagens aéreas que realizou para o épico da I Guerra Mundial, Asas/Wing>1, ganhador do primeiro Oscar de melhor filme. Ainda mais dramaticamente intrigante, no entanto, foi Mendigos da Vida/Beggers of Life>2, uma entusiasmante, mesmo que em última instância sentimental, aventura sobre vagabundos sem posses do Meio-Oeste, no qual o insinuante e hiperbólico vagabundo de Wallace Beery foi eclipsado por Louise Brooks, encarnando uma fugitiva da lei. De fato, apesar de toda a proeminência de seu interesse pela ação, crime e violência, Wellman frequentemente se entregava a uma excruciante sentimentalidade: a despeito da impetuosa interpretação de James Cagney em Inimigo Público/Public Enemy>3 (mais memorável por empurrar uma fruta no rosto de sua irritante prostituta na mesa do café da manhã), o filme é prejudicado pelo retrato das boas condições da família de seu vigarista, sua sorridente mãe de cabelos brancos e seu moralista irmão herói de guerra.

Ao longo dos anos 30, Wellman se encontrou geralmente ocupado, indo dos ageis dramas criminais no estilo tablóide para os Warners (Triunfos de Mulher/Night Nurse é o melhor exemplo, graças a presença de Barbara Stanwyck) para aventuras ao ar livre (O Grito da Selva/Call of the Wild, Beau Geste) e, melhor que todos, Nasce uma Estrela/A Star is Born>4, um esplendorosamente tragicômico melodrama delineando os efeitos destrutivos de uma instável Hollywood em um decadente e alcóolatra ídolo das matinês e sua esposa em ascensão. A comédia, no entanto, foi o forte do diretor: certamente Nada é Sagrado/Nothing Sacred>5 (sobre uma jovem fingindo uma doença terminal para conquistar fama e fortuna) e Pernas Provocantes/Roxie Hart (com uma corista confessando um crime que não cometeu como forma de impulsionar sua carreira) são sátiras dinâmicas, frenéticas e frequentemente bastante divertidas sobre a ambição americana. Ao contrário, o ataque a ética do linchamento em Consciências Mortas/The Ox-Bow Incident, um western fortemente liberal, hoje parece controverso e simplista, seus artíficios realçados pelo cenário demasiado óbvio. De fato, a inconsistência é talvez a característica de sua carreira: se Também Somos Seres Humanos/Story of G.I Joe foi uma atraente e aparentemente sincera homenagem a coragem do soldado americano anônimo, a sátira política de Cidade Encantada/Magic Town foi comprometida pelas extravagâncias ao estilo de Capra; enquanto Assim São os Fortes/Across the Wide Missouri foi um prevísivel épico sobre pioneiros engrandecido por suntuosas locações fotográficas; e em Dominados pelo Terror/Track of the Cat, as experiências de Wellman com cores mais leves drenaram um filme de ação potencialmente tenso e intrigante (sobre uma família de agricultores ameaçada por um puma) de sua tensão. Na verdade, os anos 50 testemunharam um Wellman em declínio, e após sofrer intervenções na produção de Lutando Só Pela Glória/Lafayette Escadrille, um drama aéreo final sobre a I Guerra Mundial, ele retirou-se do cinema.

Mais variado que propriamente versátil, Wellman foi um realizador assalariado cuja ausência de complexidade temática de sua obra espelha a de sua própria aparente falta de compromisso moral. Ao mesmo tempo, tendo a sua disposição um bom elenco e um roteiro acima da média, ele ocasionalmente provou a si próprio ser um  artista de entretenimentos menor, mas vigorosamente eficiente.

Cronologia
A comparação de Wellman com o, na aparência, identicamente superficial Hawks ou mesmo com Walsh não lhe é benéfica; levemente mais frutífero seria compará-lo com Wyler e Huston. Sua ausência de personalidade artística claramente definida sugere que tenha influenciado poucos diretores.

Leituras Futuras

A Short Time for Insanity (Nova York. 1974) é uma autobiografia. 

Destaques
1. Asas, EUA, 1927 c/Clara Bow, Charles "Buddy" Rogers, Richard Arlen

2. Mendigos da Vida, EUA, 1928 c/Wallace Beery, Louise Brooks, Richard Arlen

3.  Inimigo Público, EUA, 1931 c/James Cagney, Jean Harlow, Edward Woods

4. Nasce uma Estrela, EUA, 1937 c/Janet Gaynor, Fredric March, Adolphe Menjou

5. Nada é Sagrado, EUA, 1937 c/Carole Lombard, Fredric March, Walter Connoly

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 311-2.

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