Filme do Dia: Canção da Rússia (1944), Gregory Ratoff

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Canção da Rússia (Song of Russia, EUA, 1944). Direção: Gregory Ratoff. Rot. Original: Paul Jarrico & Richard Collins, a partir do argumento de Leo Mittler, Victor Trivas & Guy Endore.  Fotografia: Harry Stradling Sr. Montagem: George Hively. Dir. de arte: Cedric Gibbons. Cenografia: Edwin B. Willis. Figurinos: Gile Steele. Com: Robert Taylor, Susan Peters, John Hodiak, Robert Benchley, Felix Bressart, Michael Chekhov, Daryl Hickman, Jacqueline White.
John Meredith (Taylor), regente americano excursionando pela União Soviética se encanta pela pianista Nadya (Peters) ao visitar a cidade onde nasceu Tchaikovski, apaixonando-se perdidamente por ela. Eles se casam e Nadya pretende seguir carreira com Meredith, mas a invasão da União Soviética pelas forças nazistas faz com que retorne a sua cidade natal. Embora tenha possibilidade de abandonar o país, Meredith vai de encontro a região devastada e reencontra Nadya, que luta com outros moradores locais.
Curiosa é a intervenção quase Deus Ex Machina de questões políticas já mais de metade do que vinha sendo um filme romântico, quando abruptamente surgem imagens de soldados nazistas e de um folha de calendário apontando para o dia 21 de junho de 1941 e uma trilha sombria gradativamente se impõe sobre o recorrente Concerto n.1 para Piano de Tchaikovski, executado diante da câmera pela própria atriz principal. Muitas das imagens são documentais, sendo que tais inserções de imagens documentais em meio a ficção se torna uma estratégia popular justamente nos dramas de guerra que abordam a Segunda Guerra. Produzido no curto intervalo de certo encantamento norte-americano pela União Soviética, por isso mesmo sendo acusado de comunista durante a cruzada anti-comunista que se seguiria, conta até mesmo com a presença de um Stalin ficcional, bem menos próximo da representação do líder soviético que o presente nas próprias produções soviéticas (a exemplo de A Queda de Berlim), discursando no inglês com um sotaque que busca imitar o russo como todos os outros, enquanto se acompanha imagens documentais que dão lugar às ficcionais, no sentido inverso ao que foi utilizado pelas primeira vez tais imagens. A simpatia com que os russos são descritos não impede a ação habitual de uma visão etnocêntrica dos mesmos, observados condescendentemente como repletos de retórica grandiloquente e histriônica em seus elogios ou como “demasiado emocionais”, como observa o empresário de John após receber um beijo de sua esposa. Essa é vivida por uma versão mignon, bela mas menos expressiva de Ingrid Bergman, Susan Peters, que faz parte de um panteão de promessas hollywoodianas que acabaria morrendo trágica e precocemente aos 31 anos. Bem distante dos melhores exemplares do gênero na época, o filme é repleto de clichês. Alguém duvida qual será o fim do garoto Peter, por exemplo? Outras peças clássicas do célebre compositor russo se encontram na trilha, incluindo um trecho de O Lago dos Cisnes, Romeu e Julieta, A Bela Adormecida, a Patética e a Sinfonia n.5, em B Menor. Ratoff não chegou a concluir o filme, sofrendo um colapso durante sua produção MGM. 107 minutos.


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