Filme do Dia: Olympia Parte II - Festa da Beleza (1938), Leni Riefensthal

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Olympia  Parte II – Festa da Beleza (Olympia 2 – Fest der Scönheit, Alemanha, 1938). Direção e Rot. Original: Leni Riefensthal.  Música: Herbert Windt & Walter Gronostay

Inicia com um prólogo menos demorado que o da primeira parte mas ainda mais marcadamente de potencial homoerótico, com atletas finlandeses entrando nus e realizando brincadeiras entre eles em uma sauna. Nas competições de vela, os barcos são ora observados de longe (quando mais parecem pequenas maquetes), ora bastante próximos. A brancura das altas velas de uma das categorias contra os céus carregadamente pumbleos provocam uma das imagens mais contrastantemente belas. A edição e a música, por sua vez, pouco após, encarrega-se de provocar o efeito de suspense. Da esgrima Riefensthal prefere ao início observar as sombras dos competidores. Após as provas do pentatlo se observa um grupo de jovens mulheres executando movimentos que lembram os entrevistos no início da primeira parte do documentário. Logo se perceberá que não se trata somente do pequeno grupo inicialmente observado mas de uma quantidade impressionante, de várias centenas, senão mesmo milhares, na imagem talvez mais próxima dos blocos concentrados  e igualmente de grande efeito cênico presentes no Congresso do Partido Nacional Socialista filmados em O Triunfo da Vontade. Quando numa competição os três primeiros lugares ficam com os Estados Unidos restam ao narrador (visual e comentado em áudio) afirmar que a quarta posição foi de um alemão e a melhor marca europeia na categoria. Ao invés de apresentar os pódios, muitos dos medalhistas de ouro, como é o caso nesse momento, surgem com o fundo sonoro do hino de seu país e a bandeira tremulando em sobreposição a uma imagem em primeiro plano do atleta com sua coroa de louros na cabeça. Dentre as imagens que devem ter feito Hitler desistir de comparecer ao estádio – ele não mais é observado nessa segunda parte – está a derrota da seleção de hóquei pela indiana por 8 a 1.  Na prova de 100 km do ciclismo mais parece se assistir a um filme ficcional, com o uso de trilha sonora e sobreposições de imagens descontextualizadas do plano da prova como que destacando os “atores” que de fato importam. Os efeitos sonoros de reações de público soam um tanto artificiais já que evidentemente pós-sincronizados. O filme parece quase sadisticamente se deliciar com as quedas de cavalos e, sobretudo,  seus cavaleiros na água em uma das provas de equitação.  A proximidade exorbitante dos competidores de remo também faz pensar numa solução que entremeia planos filmados em outra ocasião com os da prova em si. O filme termina com as provas de piscina, sobretudo com um festival extenso – e cansativo – do salto ornamental masculino. E fecha de vez com uma imagem monumental de halos de luz a perder de vista. Versão narrada em inglês. Não apresenta o mesmo fôlego da primeira parte, mesmo sendo mais curto. O documentário Leni Riefensthal: A Deusa Imperfeita (1993), de Ray Müller, apresenta, com riqueza de detalhes, não apenas os sofisticados processos pioneiros que se tornariam lugar comum na filmagem de grandes eventos, como câmeras correndo sobre trilhos movidas a partir de controles a distância ou mesmo que foram lançadas em balões e que não tiveram imagens aproveitadas na montagem final desse documentário e do anterior de mesmo título, também desfazendo vários mitos que a própria cineasta ergueu ao longo do tempo a seu respeito e de seus filmes, inclusive o fato dessa produção não ter feito uso de dinheiro do partido, sendo a companhia de Riefensthal uma mera empresa de fachada. O projeto contou com mais de 40 cinegrafistas, nenhum deles creditado em um filme praticamente ausente de créditos que não sejam os vinculados a sua realizadora.  Olympia Film GmbH/COI/Tobis. 96 minutos.


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