Filme do Dia: Interestelar (2014), Christopher Nolan




Interestelar (Interstellar, EUA/Reino Unido, 2014). Direção: Christopher Nolan. Rot. Original: Christopher Nolan & Jonathan Nolan. Fotografia: Hoyte Van Hoytema. Música: Hans Zimmer. Montagem: Lee Smith. Dir. de arte: Nathan Crowley & Dean Wolcott. Cenografia: Gary Fettis. Figurinos: Mary Zophres. Com: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, John Lithgow, Michael Caine, Mackenzie Foy, Ellen Burstyn, David Gyasi, Jessica Chastain, Casey Affleck, Matt Damon.
Num futuro próximo, no qual a Terra é devastada por frequentes catástrofes naturais e escassez, um misterioso elo que une espaço-tempo é descoberto. Uma missão é articulada para uma viagem espacial que significará o potencial senão de salvar o próprio planeta, de salvar a espécie humana. Na frente dessa missão se encontra o Dr. Brand (Caine). Dentre os astronautas que participam da missão, sua filha, Amelia (Hathaway) e Cooper (McConaughey), que parte devastado pois não sabe se voltará a encontrar sua filha, Murph (Foy).
O estranho distanciamento algo hipnótico do filme em grande parte se deve a magistral trilha sonora de Zimmer além de seu ritmo diferenciado que criam uma atmosfera grandemente enigmática e para-real. Porém tudo isso, de certa forma, não impede que lugares-comuns bem mais próximos da produção mainstream pipoquem a todo momento, como a condescendência orgulhosa com que a equipe de cientista troque olhares cúmplices a determinado momento ou que pérolas como a de Brand (“o tempo é relativo, ok?”) ou o melodrama que acompanha a relação pai-filha. Eainda os diálogos sobre o amor disparados pela mesma Brand, como algo transcendental que supera o utilitarismo esquemático de um empostado cinismo de Cooper. Talvez se houvesse menos diálogos o filme ganhasse outra conotação/coloração. Mas aí certamente sequer teria sido produzido. Ou ao menos tido o aparato de produção que teve. Portanto, não há duvida que mesmo com todo seu estranhamento o filme se encontra mais próximo de uma ficção-científica padrão que de um filme como Solaris, com o qual parece igualmente flertar, adaptando aos seus propósitos. Se 2001 traía ainda um forte espírito de conquista associada ao futuro e as novas tecnologias, aqui se luta por uma última esperança não exatamente para a Terra, mas para a sobrevivência da espécie humana. Paralelos podem ser traçados com o cinema de Terrence Malick (não por acaso Zimmer sendo habitual colaborador do realizador e Chastain se encontra em A Árvore da Vida), na sua mescla entre convenções de gênero e estilo super-produção com uma dimensão de pretensões metafísicas e também na grandiloquência algo indigesta com a qual confunde sem constrangimento dramas familiares e a sobrevivência do planeta. E atualizações de convenções que remontam ao melodrama teatral pós-Revolução Francesa como o dos relógios substituindo os medalhões que unem pai à filha e possuem, evidentemente, maior vinculação com a dimensão temporal que é um do cernes do filme. Para não falar da própria Cristandade, da filha moribunda e velha que sempre acreditou no “Retorno do Pai”. Paramount Pictures/Warner Bros./Legendary Pictures/Lynda Obst Prod./Syncopy para Paramount Pictures. 169 minutos.


Comentários

  1. Gosto das histórias que contam os filmes porque são muito interessantes, podemos encontrar de diferentes gêneros. De forma interessante, o criador optou por inserir uma cena de abertura com personagens novos, o que acaba sendo um choque para o espectador, que esperava reencontrar de cara as queridas crianças. Desde que vi o elenco de Interestelar imaginei que seria uma grande produção, já que tem a participação de atores muito reconhecidos, Pessoalmente eu irei ver por causo do ator Matthew McConaughey, um ator muito comprometido (pode ver os Fantasia Filmes são uma ótima opção para entreter), além disso, acho que ele é muito bonito e de bom estilo.

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